Ray Caesar



"Não sei bem se é a Batwoman ou a Catwoman, mas lá estava ela envergando um vestido de alta-costura, sentada no seu canapé enquanto admirava o corvo enjaulado. Por seu lado, a menina bonita de vestido vermelho fazia bolas de sabão enquanto olhava pela janela. O gato maléfico com o coração visível contorcia-se em espasmos demoníacos. Com um penteado e vestido à la Marie Antoinette, a bela rapariga segura no seu cão enquanto que a miúda com braços de raiz se vê ao espelho com um cachimbo no ouvido. Será um conto de fadas? Sim, mas bem ao estilo do artista Ray Caesar. As características são evidentes. Têm a beleza, inocência e crueldade próprias destes contos. Mas quem é Ray Caesar? Um artista que veio de outro mundo? Talvez. Os seus trabalhos transportaram-me para outra dimensão e entrevistá-lo foi uma viagem através dos sentidos. Ele passa os dias imerso no seu próprio casulo a criar figuras mirabolantes e esse é o seu antídoto para caminhar no mundo em que vivemos, transportando para o mundo real um imaginário de doces e estranhas criaturas. Ray Caesar nem se lembra de quando começou a desenhar. Iniciou-se a pintar e esculpir antes de sequer saber que as pessoas faziam arte como uma forma de vida. «Não me imaginava a fazer arte como profissão quando era mais novo e não era uma opção no mundo em que cresci. Acredito que foi um processo gradual que se prendeu mais com obsessão do que com o desejo de fazer algo chamado “arte”... Para mim foi uma forma de criar e um escape para os mundos por mim criados e acho que é por essa razão que continuo. Nesses mundos eu encontro a paz e a calma difíceis de encontrar no mundo exterior»." Elsa Garcia, in revista umbigo #019

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